segunda-feira, maio 11, 2009

A lapiseira, o martelo, a roda, a faca etc. podem ser considerados ferramentas as quais por meio de suas ações materializam uma função genérica.
Segundo Levy, a ferramenta cristaliza o virtual, isto é “a roda não é um prolongamento da perna, mas sim a virtualização do andar.” (LEVY, 1996:75) Baseando-se nas teorias do que é virtual de Pierre Levy, dominar uma técnica consiste em desenvolver habilidade, reflexo e diálogo físico e mental entre o agente e a coisa. Ao modelar uma massa de argila ou fatiar uma peça em madeira maciça deve-se, evidentemente, dominar técnicas com ferramentais apropriados para tal. No entanto, o computador é capaz de virtualizar a virtualização de uma ação. A ação oriunda do verbo desenhar tem sido captada e codificada para o formato da menor unidade de informação do computador, o bit (binary digit). O mesmo acontece para as ações da modelagem da argila ou da composição de objetos tridimensionais.
Para Levy, existe uma interação entre a informação e o usuário. A partir dessa interação constrói-se o conhecimento, sendo que o sujeito interage com o mundo de pessoas e objetos, interagindo, conseqüentemente, com a comunidade. A esta interação aplica-se o termo: “ecologia cognitiva”. Ao observar a relação do usuário com o computador, notam-se dinamismo, plasticidade e uma autonomia de ação e reação. As inovações no setor de programação em informática propiciam, além da capacidade de organização de dados, programas de orientação ao objeto, e isso quer dizer interação entre os dados, sendo eles nos formatos de textos, vídeos, imagens ou voz. Uma planilha Excel, por exemplo, tem condições visuais e inteligentes de anexar aos dados funções matemáticas que, ao simularem valores para cada “célula” apresentam um novo panorama da situação modelada. Isso facilitaria uma decisão sobre a imaginação. “O que aconteceria se...”.
Parte-se do princípio de que a disponibilidade de dados históricos está mais acessível, hoje, e captar as peculiaridades do tema interfaces seria mais producente.
Se pedíssemos a opinião, para Levy, sobre o aprendizado atual dos estudantes de arquitetura em relação ao uso do computador nas fases de projeto, ele responderia que a simulação digital é mais um benefício cognitivo. O ser humano normalmente constrói seu conhecimento por meio de teorias, experiências práticas ou por métodos mais antigos que estavam contidos na tradição oral. Portanto, para Levy, utilizar-se do computador para simular a representação da realidade contribui para o acúmulo do conhecimento.
Entre o “movimento e a metamorfose” existe uma operadora da passagem dos códigos, que serão interpretados e transformados para a criação de novos comportamentos sociais. O modem é um exemplo de decodificação do sistema binário para o analógico com o objetivo de transmitir a informação via telefone e vice-versa, temos aqui uma nova interface.
A relação do termo homem-máquina com os dispositivos de entrada e saída do computador, entrada de dados por meio de periféricos como o mouse e o teclado, a saída por meio do monitor, impressora ou as perfuradoras de cartão[1], estreitou-se por causa das inovações e o que temos, hoje, é a interface. (LEVY,1997) Um exemplo banal e corriqueiro é o telefone móvel. Ele recebe um comando de voz que realiza tarefas para uma outra base e sem nem mesmo conscientizar-se de seus movimentos o usuário acopla um computador a sua espontaneidade. Como tudo isso começou? Sabe-se que a máquina a vapor foi um marco importantíssimo para que o sistema CAD pudesse, hoje, existir. Esta frase parece estranha para aqueles que nasceram depois da luz elétrica e que, nem sempre, pararam para pensar nas condições de vida da época de seus avós. Estes passaram a vida sem um aparelho de televisão. Bisavós que não sabiam o que era um rádio, sem levar em conta as condições de conforto, algumas questionáveis, não presentes no dia a dia atual. A máquina a vapor representa o início de uma revolução que transfere o domínio da força braçal para as máquinas capacitadas a substituir os movimentos naturais do homem. A energia a vapor faz a sua história por meio da invenção de Thomas Newcomen, considerado “pai” do motor a vapor, em 1765. James Watt aperfeiçoa essa mesma máquina e cria o sistema de engrenagens. A Segunda Guerra Mundial contribuiu para a transferência da tecnologia mecânica para a eletrônica e patrocinou o surgimento da tecnologia eletrônica digital por meio do Z3[2], considerado o primeiro computador eletrônico digital de uso genérico. Se o computador foi capaz de automatizar movimentos, na década de 90, ele foi capaz de automatizar a geometria a partir de modelos matemáticos traduzidos para a máquina.
[1] Utilizando o princípio descoberto por Jacquard para comando automático de teares, Hermann Hollerith - funcionário do United States Census Bureau - inventou, em 1880, uma máquina para realizar as operações de recenseamento da população. A máquina fazia a leitura de cartões de papel perfurados em código BCD (Binary Coded Decimal) e efectuava contagens da informação referente à perfuração respectiva. O sistema foi patenteado em 8 de junho de 1887.(http://pt.wikipedia.org/wiki/Herman_Hollerith)
[2] Konrad Zuse (22 de junho de 1910 - 18 de dezembro de 1995) foi um engenheiro alemão e um pioneiro dos computadores. O seu maior feito foi a compleção do primeiro computador de programa controlado por fita guardada, o Z3, em 1941. Konrad Zuze inventou o 1º computador eletromecânico, constituído de relés - efetuava cálculos e exibia os resultados em fita perfurada. Em um museu chamado Museu da Tecnologia na cidade de Bonn, na Alemanha, existem alguns de seus inventos, como o Z2, um dos primeiros computadores do mundo. Muitos acreditam que os primeiros computadores eram de um tamanho muito grande, porém eram na verdade equipamentos estranhos mas pequenos. Em outro museu na mesma cidade (Museum für Deutsche Geschichte - Museu da História Alemã), também se encontram outros equipamentos desenvolvidos por Konrad Zuse, o pai da informática. (ROYZEN, Beatriz_2009)

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